26 de mar. de 2015

Humberto Costa tenta barrar vídeo na Justiça. Ex-gerente da Petroquímica Suape diz que construtoras desviaram R$ 14 milhões para campanha do PT


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Por Marcela Balbino e Jamildo Melo, editor do Blog
Em tempos de delação premiada, na operação Lava Jato, um funcionário da Petrobras em Pernambuco aproveitou as manifestações de rua do domingo 15 de março para fazer uma delação aparentemente espontânea.
Em plena Avenida Boa Viagem, vestido com uma camisa com a marca da estatal, um funcionário da Petrobras, de 66 anos, diz, em tom de denúncia, em um vídeo gravado no calor da hora, ter conhecimento de supostos desvios de dinheiro de construtoras fornecedoras da Petroquímica Suape, uma das subsidiárias da estatal de petróleo, para a campanha do então candidato ao governo do Humberto Costa, pelo PT, em 2006.
Nesta quarta-feira, procurado pelo blog, o senador Humberto Costa informou que requereu (na terça-feira 24) ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) que retirasse da Internet o vídeo, por meio de uma ação cautelar inominada com pedido de liminar, que corre na 19ª Vara Cível da Comarca da Capital.
O vídeo começou a circular em grupos de WhatsApp na capital pernambucana na segunda-feira 16 de março, logo após às manifestações, mas em nenhum deles havia qualquer menção ao nome e ao trabalho do funcionário na estatal.
Identificado e depois localizado pelo Blog de jamildo, o nome do senhor grisalho que aparece nas imagens demonstrando revolta com os destinos da estatal é Carlos Alberto Nogueira Ferreira. Ele trabalhou diretamente com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, no Rio de janeiro, muito antes do agora famoso Paulo Roberto ter sido preso na Operação Lava Jato. Enviado para o Recife, Nogueira, como é mais conhecido, trabalhou como gerente financeiro da Petroquímica Suape, em Ipojuca, entre 2007 e 2013.
“Assinei um cheque de R$ 6 milhões nominativo a Schahin Construtora e outro cheque de R$ 8 milhões nominativo a Odebrecht. Esses R$ 14 milhões de reais em 2006 foram para a campanha do senhor Humberto Costa, candidato a governador de Pernambuco em 2006 e arrecadador financeiro do PT aqui. Quem recebeu o dinheiro em nome de Humberto Costa foi o senhor Mário Beltrão… Ele é o amigo de infância de Humberto Costa, arrecadador financeiro dele. É o ‘PC Farias’ do senador Humberto Costa”, descreve o homem, no vídeo.
“Eu assinei o cheque. Eu sou mandado. O meu diretor era o Paulo Roberto”, contextualiza, na mesma gravação.
Se foram efetivamente pagos, os recursos não foram contabilizados na prestação de contas da campanha do petista, naquela época, de acordo com os dados oficias do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A Petroquímica Suape foi obra da Construtora Odebrecht.
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Além da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), no Complexo Industrial Portuário de Suape, a cerca de 45 km ao sul do Recife, a Petrobras também começou a construir em Suape o chamado Complexo PQS, empreendimento composto pela Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) e pela Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe). O complexo industrial produz matéria-prima para produção de poliéster (PTA), polímeros, filamentos de poliéster e resina PET.
A meta ambiciosa do empreendimento era, quando em plena capacidade de operação, ser o mais importante polo integrado de poliéster da América Latina. O Complexo PQS iniciou sua produção de resina PET em agosto do ano passado.
Semana passada, o Blog de Jamildo procurou o funcionário na Petroquímica Suape. A companhia comunicou que ele havia sido desligado da empresa em 2013 e não sabia informar o seu paradeiro, nem mesmo se ele havia pedido aposentadoria. A estatal também se recusava a confirmar que era o ex-gerente financeiro no vídeo gravado na semana anterior.
A reportagem também entrou ainda em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras. Depois de três dias de espera, a empresa afirmou que não iria se posicionar sobre as denúncias feitas pelo ex-gerente financeiro.
O funcionário está na ativa e dando expediente na área comercial da Petrobras em Suape. Assistam ao vídeo, neste link https://www.facebook.com/ariadne.morais1
Nessa segunda-feira (23), Nogueira foi procurado durante todo o dia para se manifestar sobre o caso. Três endereços foram percorridos, entre Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana. O filho do ex-gerente, que mora em um apartamento em Piedade, em Jaboatão, explicou que o pai preferia silenciar sobre o assunto, pelo menos por enquanto.
O rapaz contou que o vídeo havia sido gravado sem o consentimento do pai, embora os autores digam em alto e bom som que estão gravando. Ele acrescentou, entretanto, que o funcionário “não tinha medo” de aparecer ou denunciar “tudo o que sabe”, mas evitaria comentar o caso para evitar uma exposição ainda maior.
“Se ele quisesse falar, ele falava. Ele é funcionário desde 82. Ele é aposentado, mas tem o plano de previdência privada da Petrobras. O que ele fez foi um desabafo, que é o mesmo de todo mundo que trabalha por lá”, disse o filho de Nogueira.
Temendo pela segurança do pai, o rapaz, que é engenheiro civil, comentou que orientou o servidor a procurar os meios adequados para formalizar as denúncias e citou o caso da a ex-gerente executiva da área de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca.
Após a circulação do vídeo na capital pernambucana, o ex-gerente da Petroquímica Suape passou a receber ligações “de gente do meio”, com tons de ameaça, conta o filho. “Mas ele soltou os cachorros e disse ‘não me ameacem não, porque se me ameaçar é pior”, relembra.
Nesta terça-feira (24), a reportagem do blog obteve o ramal do servidor, ligou diretamente para a sala do ex-gerente Carlos Alberto Nogueira e o localizou após o horário de almoço, na Petrobras em Suape.
“Fui filmado à revelia. Não tenho o que falar. Já está trazendo problemas na empresa. Em outra hora, se for o caso (eu falo)”, afirmou Carlos Alberto Nogueira, na tarde da última terça-feira.
Leia a matéria na íntegra: https://www.blogger.com

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